sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Aborto

Ultimamente, voltou-se a falar em fazer um novo referendo para descriminalizar o aborto. Para já, devo dizer que isto de fazer referendos quando se quer atingir um determinado resultado é uma palhaçada! Se querem descriminalizar o aborto, façam-no! Não precisam de andar a fazer referendos atrás de referendos, até ganhar o sim!
A segunda coisa que queria dizer, é que não entendo como é que se pode estar a favor da discriminalização do aborto. Normalmente o argumento utilizado é que é preferível provocar um aborto, a nascer uma criança que não vai ter condições de jeito, que não vai ser amada, etc... Mas, para mim, isso não é um argumento de jeito! Porque nesse caso, além de matar os embriões (sim, matar, podem dizer que aquilo não é uma pessoa, mas para todos os efeitos é uma forma de vida!), matava-se também os toxicodependentes, as pessoas muito pobres, os deficientes... Porque não? Ao fim e ao cabo, os toxicodependentes não têm condições nenhumas e nem sequer podem ser bem considerados pessoas (durante a escravatura, também os negros não eram considerados bem pessoas)... No entanto, esta ideia de matar os toxicodependente causa arrepios. Causa até uma certa indignação naquelas pessoas que pensaram que eu estava a falar a sério! E porquê? Porque achamos que os toxicodependentes, apesar de tudo, têm uma certa dignidade, merecem viver... Temos a esperança de que alguns possam, até, recuperar! E porque não temos o mesmo tipo de raciocínio para os embriões? Não existem também casos de pessoas que nasceram em meios miseráveis e que acabaram por conseguir construir uma boa vida? Existem!
O problema não está no embrião! Matando o embrião, o problema continua! Porque o problema é a falta de condições, é a miséria, é a pobreza! Isso é que é preciso combater!
Agora podem dizer, mas provocando abortos nas mães que não queriam os filhos e que até nem tinham condições para os criar, ajudaria a resolver o problema, quanto mais não seja, não o tornaria pior ainda! Sem dúvida! Mas já agora matava-se também as mães, os deficientes, etc... Quantos problemas ficariam resolvidos!
Ah! Ainda há outro argumento que eu não percebi: "Abortar não é matar, é interromper o desenvolvimento da gravidez!" OK, asfixiar também não é matar, é interromper a respiração! O que é certo, é que se ninguém fizer nada, aquela coisa, que começa por ser uma única célula, se vai transformar num bebé! É claro que também existem abortos não provocados, assim como existem pessoas que têm ataques súbitos e morrem naquele instante.
Por fim, há aquelas pessoas que concordam com tudo o que eu disse até agora, mas acham que mesmo assim a prática de aborto deveria ser discriminalizada. Bem, isto aqui já é uma questão um pouco diferente. Para mim, a prática de aborto tem de ser considerada crime, com as respectivas penas. Claro que, se calhar, deve haver atenuantes para aquelas mães desgraçadas e desesperadas, penas suspensas talvez... Mas já não acho que deva existir o mesmo para quem ajuda essas mães a praticar o aborto. É preciso que uma coisa que é má, seja considerada crime! E se é crime, tem que haver penas. Confio no bom senso dos juízes e dos legisladores para saberem o quanto pesadas devem ser as penas conforme o contexto...
Por isso, se houver novo referendo, voto não à discriminalização do aborto! E mesmo que ganhe o sim, tenho esperanças que daqui por uns anos, quando a nossa civilização for mais avançada, se desfaça esse erro, assim como se aboliu a escravatura há uns anos atrás...

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